Caminhos do Sul

"Para conhecer a si mesmo é preciso, antes, conhecer o seu povo"

quarta-feira, 15 de julho de 2009

A namorada da Lagoa

Por: Eliza Maliszewski



Foto: Wikipédia
O município de Tapes, localizado na Região Metropolitana, tem o nome derivado de povos indígenas que habitaram as regiões elevadas da Lagoa dos Patos. Por ser uma região montanhosa, ficou conhecida como a Serra dos Tapes. Localizado a cerca de 103 Km da capital, destaca-se pelo folclore, artesanato, dança e pesca.
A Lagoa dos Patos é considerada a maior riqueza natural e potencial turístico do município. Na enseada, conhecida como Saco de Tapes, acontece a travessia de natação com atletas de todo país e é propícia à navegação por possuir um canal dragado. Além disso, os turistas podem desfrutar das sete praias da região.


Foto: Prefeitura

"Lagoa! Sesmaria de águas claras deitada nos pedregulhos. Espelho grande onde as estrelas tolas vêm ajeitar o véu de lantejoulas durante a longa procissão noturna. Quando ao sol da manhã tu te incendeias, uma orgia de penas te enfeita as areias e o silêncio se quebra a um concerto de pios." ( Trecho do poema "Lagoa" - Apparício Silva Rillo)

Você conhece Tapes?

Fontes: Prefeitura Municipal de Tapes e Wikipédia

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Camaquã sob as lentes

Por: Eliza Maliszewski

"O Admirador das Rosas" - Laura Mendes Viatroski
A 13ª edição do concurso Fotografe Camaquã, realizada pela Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, revelou os vencedores em junho. Com o tema “Ao abrir os olhos”, os 33 concorrentes percorreram o município em busca de imagens belas e, ao mesmo tempo, surpreendentes.

Na Categoria Profissional, o primeiro lugar ficou João Correa e “Meu Cão Voador 2” e na Categoria Amadora com Laura Mendes Viatroski e "O Admirador das Rosas”.
Você conhece Camaquã?
Fonte: Assessoria de Imprensa

terça-feira, 7 de julho de 2009

Folclore brasileiro: o Bumba-meu-boi de Norte a Sul do país

Por Renate Ritzel Melgar
Fotos: Tuber Mello e Maicon Severo

Quem nunca ouviu falar do Bumba-meu-boi? A folclórica festa da região Norte do Brasil, que possui como palco principal, no país, o município de Parintins, no Amazonas, também acontece em solo gaúcho. No estado, a celebração era comum em Porto Alegre e Santo Antônio da Patrulha, mas só em Encruzilhada do Sul a tradição se mantém viva até os dias de hoje.

Tradicionalmente, a festa do Bumba-meu-boi ocorre no final do mês de junho, mas no Rio Grande do Sul é realizada no primeiro sábado após o carnaval.

Oficializada pela Prefeitura Municipal em 13 de fevereiro de 1991, a festividade faz parte do calendário oficial de eventos de Encruzilhada do Sul e é uma das comemorações mais populares do município e região.

A “farra do boi”, como é conhecida pelos gaúchos, é um pouco diferente das típicas festas do Norte e Nordeste do Brasil. Aqui, a festa do Bumba possui um único boi, o qual é feito com uma armação de varas de ferro, coberta de tecidos e alguns adereços. A cabeça é constituída de uma autêntica caveira de boi forrada de tecido e os chifres, também originais, levam fitas, guizos e cincerros de bronze para fazer barulho.

Conduzido por um homem que o carrega sobre os ombros, o boi é acompanhado do tropeiro, que comanda a apresentação, do veterinário e dos campeiros, os quais, em meio a esbarrões, vão parando em casas e estabelecimentos para pedir doações. A festa inicia com a correria do boi pelos arredores do município, o qual realiza seu percurso até chegar à rua principal, onde uma grande multidão o espera:

− Quando anoitece, os comandantes da festa saem pelas ruas da cidade até chegar à Praça Central, onde são aguardados por adultos e crianças que se divertem fugindo do boi. A brincadeira é realizada por 12 homens de todas as idades e se estende até a madrugada – explica Célia Teixeira, 43 anos, moradora natural de Encruzilhada do Sul e freqüentadora da festa desde os cinco anos de idade.

A festividade, que ocorre há 152 anos no Estado, foi resgatada no município encruzilhadense, há mais de quatro décadas, por Firmino Silveira e pelo historiador Humberto Fossa. Desde lá, o conhecido “Mestre Firmino”, falecido em 2007, comandou a festa por 40 anos. Em 2004, o Mestre recebeu o Troféu “Cultura Gaúcha”, em reconhecimento à sua contribuição à cultura do Estado.

− O folguedo do Bumba-meu-boi é uma herança trazida a todos os municípios povoados por açorianos, como os do Vale do Rio Pardo, onde Encruzilhada do Sul está localizada. Firmino Silveira cresceu acompanhando, desde pequeno, a brincadeira nas ruas após o carnaval, que é muito representativo no nosso município. Depois de adulto, Firmino viu a tradição ser esquecida e, para impedir que ela fosse definitivamente perdida, decidiu fazer o boi renascer. Por isso, seu nome jamais será esquecido na história cultural do nosso Estado – conta a diretora do Departamento de Cultura de Encruzilhada do Sul, Volny Carvalho da Silva.


Mestre Firmino, com 82 anos, comandando a festa

A partir de 2008, a festa passou a ser comandada por Diogo Silveira Kucharski, neto de Firmino, e sua equipe.

− Substituir o meu avô como comandante oficial do Bumba-meu-boi é motivo de grande orgulho para mim. No primeiro carnaval após sua morte, em 2008, pensamos em não realizar a festa, mas ele não queria que a festa parasse, então continuamos – declara Kucharski.

Este ano o trajeto do boi voltou a fazer seu caminho original, uma vez que, no ano passado, o boi partiu da Casa de Cultura Humberto Fossa, em função do falecimento do mestre Firmino. Apesar da mudança de comandante, a festa do Bumba-meu-boi de Encruzilhada do Sul continua fazendo sucesso como nos anos anteriores. Prova disso foi o último evento, que atraiu mais de seis mil pessoas.




Conheça as festas do Bumba-meu-boi de outras regiões do Brasil


Quer ir na próxima festa do Bumba-meu-boi em Encruzilhada do Sul? Saiba como chegar lá



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Matérias relacionadas aos municípios próximos à Encruzilhada do Sul:

O Brasil Polônia

Um pedaço da Polônia em Solo brasileiro

Rio Pardo: o berço da colonização portuguesa no Rio Grande do Sul

Cultura reunida

O ouro verde

Rua da Ladeira

Arte do Pisanki

O gigante do Sul


Fontes: Rosane Volpato, Prefeitura de Encruzilhada do Sul, Prefeitura de Parintins, UOL.

Colaboradores: Etyenne Gomes e José Roberto Correa Sobrinho



sábado, 4 de julho de 2009

Poloneses no Sul: uma história de 140 anos

Por: Eliza Maliszewski


Os primeiros imigrantes poloneses chegaram em 1869 e estabeleceram-se no Sul do Brasil, enfrentando todas as dificuldades de uma terra deserta e tomada pela mata. No Rio Grande do Sul eles estão espalhados pelos quatro cantos, como no município de Dom Feliciano, onde as tradições estão bem vivas na Casa de Cultura do Imigrante Polonês e no grupo Solidarność (em português Solidariedade). Os membros apresentam danças típicas e, junto com entidades, promovem eventos como o powieczorek (café da tarde) e obiad (almoço), que reúnem a população e reacendem nos jovens o sentimento dos antepassados.


Grupo Solidarność - Foto: Luciana Rembowski
O jornalista paranaense Ulisses Jarosinski, neto de poloneses, mora na Polônia há sete anos e estuda os “Polacos x Poloneses” no Sul do Brasil em sua tese de doutorado na Universidade Jagiellonski, em Cracóvia. Ele lamenta não ter tido acesso às tradições
dentro de casa, mas a curiosidade e as origens falaram mais alto:

− Um dia, em Curitiba, uma senhora descendente da quinta geração, chamou-me de "polaco estragado", porque eu não sabia nada da cultura. Corri atrás. Hoje sei muita coisa, sei falar o idioma - relembra.

Muitos produtos surgiram na Polônia e, no entanto, poucas pessoas têm conhecimento. Por exemplo: a cerveja foi criada lá e não na Alemanha, assim como a vodca, que é polonesa e não russa. A comemoração do Natal em 25 de dezembro foram os poloneses católicos que trouxeram. Antes o Brasil dos portugueses celebrava a data no dia 6 de janeiro.

Um dos moradores mais antigos do município de Áurea, André Stawinski, 88 anos, só se comunica no idioma de origem. Vovô Stawinski, como é conhecido, não esconde as lágrimas ao relembrar o passado. Ele conta que, na zona rural polonesa, havia muita gente pobre e, seguidamente, bandos de crianças maltrapilhas e famintas vinham pedir um pedaço de pão. A situação estava difícil. Foi, então, que se começou a falar em emigração. De todos os lados vinham chegando ecos de que nas Américas havia terras de sobra para quem quisesse. De acordo com Stawinski foram tempos tristes e, até hoje, a saudade é a pior vilã:

− Quando chegamos aqui não tinha nada. Meu pai queria voltar, mas não tínhamos dinheiro. Passei muita fome, mas consegui meu espaço e formar minha família. O pior é a distância da Polônia. Meu último desejo seria ver aquele céu de novo − emociona-se.

Existem raros estudos sobre a imigração e costumes poloneses e a dificuldade em encontrar dados verídicos é grande. Conhecer sua história é o anseio do homem desde que nasce, assim como, descobrir o porquê dela. Pensando nisso a paulista Silvia Parapinski dedica suas horas vagas a alimentar um site e pesquisar a genealogia. Silvia mantém arquivos digitais de cartas dos antepassados enviadas aos parentes na Polônia, mas que nunca chegaram aos seus destinos. Ela relata que o objetivo é reunir muitos descendentes e trocar histórias:

− Montei o grupo em 2003 e foram entrando pessoas. Alguns se tornaram grandes pesquisadores. Passamos a ajudar outros e hoje somos mais de 500 participantes. É nossa vida, nossa origem. Somos todos frutos da mesma árvore - afirma.
Conheça a culinária polonesa:



Fontes: Blog do Ulisses, Site do Ulisses, Banda Coração Nativo e Município de Áurea