Caminhos do Sul

"Para conhecer a si mesmo é preciso, antes, conhecer o seu povo"

sábado, 4 de julho de 2009

Poloneses no Sul: uma história de 140 anos

Por: Eliza Maliszewski


Os primeiros imigrantes poloneses chegaram em 1869 e estabeleceram-se no Sul do Brasil, enfrentando todas as dificuldades de uma terra deserta e tomada pela mata. No Rio Grande do Sul eles estão espalhados pelos quatro cantos, como no município de Dom Feliciano, onde as tradições estão bem vivas na Casa de Cultura do Imigrante Polonês e no grupo Solidarność (em português Solidariedade). Os membros apresentam danças típicas e, junto com entidades, promovem eventos como o powieczorek (café da tarde) e obiad (almoço), que reúnem a população e reacendem nos jovens o sentimento dos antepassados.


Grupo Solidarność - Foto: Luciana Rembowski
O jornalista paranaense Ulisses Jarosinski, neto de poloneses, mora na Polônia há sete anos e estuda os “Polacos x Poloneses” no Sul do Brasil em sua tese de doutorado na Universidade Jagiellonski, em Cracóvia. Ele lamenta não ter tido acesso às tradições
dentro de casa, mas a curiosidade e as origens falaram mais alto:

− Um dia, em Curitiba, uma senhora descendente da quinta geração, chamou-me de "polaco estragado", porque eu não sabia nada da cultura. Corri atrás. Hoje sei muita coisa, sei falar o idioma - relembra.

Muitos produtos surgiram na Polônia e, no entanto, poucas pessoas têm conhecimento. Por exemplo: a cerveja foi criada lá e não na Alemanha, assim como a vodca, que é polonesa e não russa. A comemoração do Natal em 25 de dezembro foram os poloneses católicos que trouxeram. Antes o Brasil dos portugueses celebrava a data no dia 6 de janeiro.

Um dos moradores mais antigos do município de Áurea, André Stawinski, 88 anos, só se comunica no idioma de origem. Vovô Stawinski, como é conhecido, não esconde as lágrimas ao relembrar o passado. Ele conta que, na zona rural polonesa, havia muita gente pobre e, seguidamente, bandos de crianças maltrapilhas e famintas vinham pedir um pedaço de pão. A situação estava difícil. Foi, então, que se começou a falar em emigração. De todos os lados vinham chegando ecos de que nas Américas havia terras de sobra para quem quisesse. De acordo com Stawinski foram tempos tristes e, até hoje, a saudade é a pior vilã:

− Quando chegamos aqui não tinha nada. Meu pai queria voltar, mas não tínhamos dinheiro. Passei muita fome, mas consegui meu espaço e formar minha família. O pior é a distância da Polônia. Meu último desejo seria ver aquele céu de novo − emociona-se.

Existem raros estudos sobre a imigração e costumes poloneses e a dificuldade em encontrar dados verídicos é grande. Conhecer sua história é o anseio do homem desde que nasce, assim como, descobrir o porquê dela. Pensando nisso a paulista Silvia Parapinski dedica suas horas vagas a alimentar um site e pesquisar a genealogia. Silvia mantém arquivos digitais de cartas dos antepassados enviadas aos parentes na Polônia, mas que nunca chegaram aos seus destinos. Ela relata que o objetivo é reunir muitos descendentes e trocar histórias:

− Montei o grupo em 2003 e foram entrando pessoas. Alguns se tornaram grandes pesquisadores. Passamos a ajudar outros e hoje somos mais de 500 participantes. É nossa vida, nossa origem. Somos todos frutos da mesma árvore - afirma.
Conheça a culinária polonesa:



Fontes: Blog do Ulisses, Site do Ulisses, Banda Coração Nativo e Município de Áurea


12 comentários:

  1. A cada visita uma nova surpresa. O blog está, aos poucos, tomando forma. O conteúdo é muito bom, além de sempre apresentar curiosidades sobre o nosso RS. Parabéns!

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  2. Ola

    Amei a matéria, mas faço uma pequena correção, sou Paranaense nascida em Peabirú-Pr, (meu pai era de Irati-Pr e minha mãe de Porto Alegre-RS) moro atualmente no estado de São Paulo.
    Silvia Regina Parapinski

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  3. Caríssimos amigos poloneses. Preciso obter informações deste Vovô Stawinski, filho de quem? Irmão de quem? Pois também sou uma Stawinski tentando reunir a história familiar da família de André Stawinski que chegou ao Brasil em 1890. Sei que não se tratam dos mesmos andrés, mas os polonese tem o hábito de repetir o nome de seus antepassados. Meu e-mail: stawinsfuga@portalnet.com.br obrigada por qualquer informação.

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  4. Ola Eliza.... finalmente encontrei o teu blog....copiei teu texto e postei no meu blog....espero que não se oponha..... muito legal!!!

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  5. Boa tarde, Eliza!

    Adorei teu blog, inclusive usei e citei um trecho desta matéria no meu trabalho de conclusão da faculdade.

    Abraço,

    Roberto

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  6. Meu nome é Silvio Opeck de Morais, meu bisavô era polonês queria saber se tem alguma família Opeck no Rio Grande, pois meu avô conheceu minha avó aí.

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  7. Meu nome é Silvio Opeck de Morais, meu bisavô era polonês queria saber se tem alguma família Opeck no Rio Grande, pois meu avô conheceu minha avó aí.

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  8. Meu Avó Polonês sobrenome Gura,gostaria de saber mas dele.

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  9. Silva vc e parente de Maria Luisa Parapinski q é Engenharia Florestal

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  10. Olá Caminhos do Sul, Boa tarde e a PAZ! FELIZ PÁSCOA!
    Por favor, eu e minhas irmãs estamos pesquisando sobre a entrada dos nossos Bisavós maternos: PEDRO BIELINSKI E JOANNA BIELINSKI, poloneses e católicos, vindos da Polônia.
    Não sabemos ao certo de que porto polonês ou outro europeu eles partiram para o Brasil no final do século XIX; também não sabemos se aportuguesaram os seus nomes, é o que consta no atestado de óbito (?); sabemos apenas que eles chegaram ao Rio de Janeiro e depois da quarentena, eles foram para plantar café em São Paulo.
    Em nossas pesquisas, não há registros em São Paulo e como não se adaptaram, retornaram ao Rio de Janeiro e depois seguiram para o Rio Grande do Sul, para se juntarem a outros colonos!). Nosso bisavô materno, PEDRO BIELIBSKI (1871 e paternidade: THOMÁZ BIELINSKI e MARIANA BIELINSKI), faleceu e foi enterrado em Esteio/RS.
    Eles chegaram bem antes dos registros obrigatórios, junto aos consulados e embaixadas.
    Sabemos que no período da década de 1930 houve um recadastramento. Como é possível verificar também?
    Apenas sabemos que eles vieram ainda no sec. XIX e alguns filhos nasceram aqui no Brasil (como o nosso avô – JOÃO BIELINSKI, 1906 – paternidade: PEDRO BIELINSKI e JOANNA BIELINSKI).
    Agradeço desde já um caminho.
    Meu e-mail: suzanabielinski@gmail.com

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  11. Oi Eliza, será que somos parentes ?

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  12. Olá pessoal. Boa tarde. Meu marido é da família Katz. O bisavô se declarou alemão porém em seu registro na hospedaria de xarqueadas consta ser polonês. Não conseguimos entender mais nada. Se alguém tiver alguma informação sobre esse sobre nome ficaremos muito gratos. Abracos.

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